segunda-feira, 6 de julho de 2015

Letramento Infantil- Onde começa este processo?

A Educação Infantil constitui-se como um ambiente em que as crianças estão constantemente sendo estimuladas a entrar em contato com as mais diversas áreas do conhecimento, dentre elas a Linguagem Oral e Escrita. O letramento Infantil faz parte desse universo.
Gradativamente, ao longo da Educação Infantil, a criança vai se apropriando do código escrito e realizando suas próprias tentativas de leitura e produção escrita, as quais são carregadas de significado e ricas em hipóteses, uma vez que começa a pensar sobre a escrita, a se questionar para que as letras servem e como usá-las.
Para que este processo de aprendizagem ocorra de forma agradável, cabe à escola e família criar um ambiente estimulador, em que a criança possa entrar em contato com o mundo letrado nas mais variadas situações como: escrita coletiva, nomeação dos objetos, leitura de histórias, etc.
Toda esta estimulação deve ser feita através do uso da letra de imprensa maiúscula, a qual é de fácil reconhecimento e de fácil produção por parte da criança que não precisa  dominar uma série de movimentos elaborados da letra manuscrita, que nesse momento só vem a prejudicar o processo de alfabetização Além do mais a letra manuscrita maiúscula é mais socialmente utilizada.
Sendo assim, durante todo o período da Educação Infantil, nem a escola e nem a família deve cobrar da criança que ela conheça e se aproprie do traçado da letra manuscrita, já que a mesma possui uma grafia diferenciada que exige muito mais do aluno no que se refere a coordenação motora fina. Também é importante ressaltar, quando a criança visualiza palavras registradas com a letra de imprensa maiúscula, ela tem plena percepção visual do início e do fim de cada letra, o que não ocorre com a letra manuscrita, já que as  mesmas estão todas unidas, e desta forma o aluno não tem visualização o início e final do traçado da cada uma delas.
No processo de apropriação da leitura e escrita, a criança deve ter sua atenção voltada a um único desafio, que é o de identificar e compreender gráfica e foneticamente qual é a letra correta que deve ser utilizada em sua escrita. Fazer com que a criança escreva em letra manuscrita, nesta etapa do desenvolvimento, é sobrecarregá-la, além do desafio de decodificar o código escrito (sons, símbolos e junções), ela ainda possuirá o desafio motor em escrever a letras que possuem em traçado mais complicado, sendo este um inibidor nos avanços e aprendizagens. Segundo Ferreiro, (apud nova escola, 1996, p. 11) começar a alfabetização com letra bastão é uma tentativa de respeitar a sequência do desenvolvimento visual e motor da criança.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, ainda ocorrerá o trabalho com a letra de imprensa maiúscula, sendo que gradativamente a escola vai oportunizando aos educandos o contato com a letra manuscrita, mas nesta etapa do desenvolvimento infantil, a criança já está bem mais segura em sua aprendizagem, ou seja, tendo maior domínio do código letrado. Desta forma, o traçar a letra manuscrita será um desafio meramente motor, o que lhe dará maior confiança. Corriqueiramente nos antecipamos e apresentamos a letra manuscrita antes do tempo ideal e muitas vezes as crianças acabam por interromper momentaneamente o processo de aprendizagem da leitura e da escrita para ocupar-se com algo menor, que é o traçado da letra, nesta situação temos uma perda significativa no aprendizado, já que a criança cessa suas hipóteses e canaliza suas energias no traçado da letra.
Vale ressaltar, que em muitas instituições de ensino ocorre a exigência que a letra manuscrita deve ser escrita da forma correta, e antecipar esta aprendizagem faz com que a criança  escreva de maneira alfabeticamente (conjunto de sons associado a símbolos adequados- letras ) incorreta, o que comprometerá o ritmo e a qualidade de sua produção. Mas se a criança percorrer todas as fases da aquisição da leitura e da escrita, no Ensino Fundamental terá maior capacidade e domínio da forma correta de se escrever a letra manuscrita, o que consequentemente não acarretará em vícios que a prejudicarão futuramente.

Fonte:Raquel Romano – Psicopedagoga

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