segunda-feira, 6 de julho de 2015

Recebi um alunos com TDAH... e agora?

1-O primeiro passo é não diagnosticar! Escolas, professores, coordenadores, pedagogos, psicólogos escolares não estão no papel de levantar a hipótese de um diagnóstico tão delicado e minucioso. Nem de TDAH, nem de qualquer outro transtorno ou síndrome. O próprio Psicopedagogo precisa de auxílio para tanto. Somente uma equipe multidisciplinar pode fazê-lo depois de vários testes específicos e criteriosos. Não precisa nem falar que orientar o uso de medicamentos não é nosso papel.
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2- Oriente a família a procurar o diagnóstico adequado. Se você é professor e tem um aluno com as características de TDAH, oriente a família a procurar um Psicopedagogo, Psicólogo Clínico especialista em aprendizagem ou Neuropediatra para que a avaliação ocorra. E, de preferência, não levante suas suspeitas para a família, que só fica desorientada com tal notícia vinda da escola.
Depois que seu aluno for devidamente diagnosticado por uma equipe multidisciplinar, a escola e principalmente a família estará ampara para possíveis e necessárias adaptações na vida e na rotina da criança.
As mudanças na sala de aula são variáveis de acordo com as necessidades reais dos alunos, afinal nem todo aluno com TDAH é exatamente igual.
Mas diante das características podemos listar simples (algumas nem tanto) mudanças que farão diferença na vida escolar desse aluno:
4- Primeiramente faça um bom vínculo afetivo com seu aluno. Demonstre carinho e preocupação. Procure chamá-lo para uma conversa individual, onde comunica que sabe sobre suas dificuldades e está disposto a ajudar. A maior parte das crianças nessas condições tem uma auto-imagem prejudicada, se sentem incapazes de aprender e tem pouca confiança em sim mesmos.
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5- Procure colocá-lo sentado bem a frente, de preferência sem muitos elementos distratores visuais ou auditivos. Os cartazes comumente utilizados em sala de aula, bem como as decorações devem estar fora do campo de visão do aluno.
6-Perceba o tempo de atenção de seu aluno em especial. Se ele consegue ficar sentado por 5 minutos, planeje atividades variadas a cada 5 minutos. Por exemplo: um exercício simples de linguagem como caça palavras; manuseio de materiais como massinha ou lego, um texto curto para leitura; uma proposta de desenho sobre o tema da aula de história do dia anterior. Escolha atividades de acordo com sua capacidade cognitiva. TDAH não é sinônimo de dificuldades cognitivas e intelectuais, apesar de muitas vezes o aluno com TDAH apresente tais dificuldades.
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7- Seu aluno não fica sentado nunca? Ele pode ter permissão para fazer suas atividades em pé e até mesmo de dar uma voltinha quando estiver muito agitado. Claro, tudo previamente combinado.
8- Tenha sempre a mão diferentes propostas que sejam de acordo com o centro de interesse de seu aluno. Se ele adora super-heróis, ofereça textos, história em quadrinhos, quebra-cabeças com esse tema. Carregamos a ideia errônea que em uma sala de aula todos devem fazer a mesma coisa ao mesmo tempo, e isso não funciona com o aluno com TDAH.
9- Dê ordens simples e claras. Certifique-se que ele entendeu. Deixe-o executar e só depois dê outra ordem simples e clara. Fale bem próximo a ele, procure contato visual e se for necessário dê orientações individuais. Por exemplo: Leia o texto.  Grife as palavras com ç. Copie as palavras no caderno. Eu costumava colocar essas orientações no quadro quando meus alunos já eram leitores. Uma abaixo da outra, com cores diferentes de giz para cada uma.
10- Permita que seu aluno saia de sala quando estiver muito nervoso ou agitado. Combine com ele que você irá autorizar essa saída se for preciso.
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11-Auxilie na revisão e nas correções das atividades.  Busque um horário, mesmo que em aulas extracurriculares, em que você possa ajudá-lo mais individualmente. Essa dica vale para qualquer tipo de dificuldade de aprendizagem. Proponha que seu aluno escolha uma atividade que não irá participar naquela semana (ed. Física, artes, inglês ou outra), deixe claro que isso será uma maneira de ajudá-lo e não algum tipo de punição. Costumava “seduzir” meus alunos dizendo que “ teríamos um tempo só para nos dois”, ou que eu “seria especialmente sua” e no final do mês, todos, sem exceção, queriam deixar uma aula de artes ou inglês para ter a professora só para ele.
12-Diminua ao máximo os estímulos externos: manter portas fechadas e a turma mais calma auxilia bastante no processo de concentração.
13- Oriente a família para que seu aluno tenha atendimentos especializados com Psicopedagoga e/ou Psicóloga, assim ele aprenderá a lidar melhor com suas potencialidades e limitações.
Boa sorte!
Tenho certeza que a inclusão do aluno com TDAH é possível e benéfica! Tanto para ele, quanto para seus colegas e para você, colega professor, que no final do processo, perceberá grandes avanços e terá orgulho de ter participado disso!

Agressividade Infantil

A agressividade na infância pode ser entendida de duas maneiras: aquela em que há intenção de agredir, o que entendemos por hostilidade e aquela que não há vontade, desejo de agredir o outro e sim apenas serve como descarga aleatória da frustração vivida no momento.
Na primeira situação uma criança diante  de um colega de classe pode endereçar sua agressividade com tapas ou empurrões propositalmente a fim de ferir esse colega. Ou uma criança por volta de 10 anos pode agredir verbalmente um professor depois de receber sua nota baixa em matemática. Veja que em ambos exemplos há propósito de agredir um semelhante.
Outras vezes a agressão é apenas um descontrole sobre a frustração,  onde a criança não tem  fim em sua ação de machucar seu interlocutor. Uma criança por volta de dois anos que arranca da mão de seu coleguinha um brinquedo ou um menino de 5 anos que empurra a carteira depois de se deparar com uma atividade muito difícil são exemplos de agressividade como descarga aleatória da frustração.
Veja que ambas as formas provém da reação a frustração. As crianças até 10 anos naturalmente tem dificuldades de administrar esse sentimento e facilmente sentem-se frustradas. Aos 2 ou 3  anos é natural que reaja agressivamente quando não lhe é dado algo que deseja rapidamente ou quando seu brinquedo favorito está com seu colega o ou ainda é impedido de subir várias vezes em um móvel. Aos 4 ou 5 a criança facilmente reage com agressividade ou hostilidade quando lhe é solicitado que permaneça sentado por mais de 20 min ou até menos ou quando não consegue se vestir ou calçar os sapatos. A partir dos 7 anos a agressividade pode aparecer em situações em que se engaja na relação com seus colegas, situações relacionadas a amizade e jogos com regras pode causar esse tipo de reação.
Algumas crianças toleram mais a frustração e outras controlam mais suas reações como a agressividade ou a hostilidade. Cabe a nós adultos a ajudá-la a criar ferramentas para ambas as situações: a tolerância a frustração e o controle da agressividade.
A criança reage a partir do olhar do outro, do adulto. Se superlativarmos, ou seja, dermos muita importância para a agressividade ou a hostilidade ela tenderá a se repetir e a fazer parte da forma como a criança se expressa. Se a cada empurrão que um menino de 5 anos der em seu coleguinha em sala de aula a professora reagir com severos castigos ou longas conversar, a criança entenderá que tem atenção especial da professora quando é agressiva e irá certamente repetir a ação para obter essa atenção especial. O mesmo acontece em casa, se a cada birra para entrar no banho os pais despenderem longos castigos ou conversas, a propensão da birra acontecer novamente também é considerável.
Os pais e professores através de sua autoridade devem explicar pontualmente que a reação (chutar, empurrar ou bater) não é adequada e afetivamente depositar na criança a credibilidade de que ela consiguirá agir de outra forma. Tentar entender o porquê a criança foi agressiva também é importante e a partir da fala dela, traduzir os sentimentos que ela sentiu no momento.
Falas como as que se seguem podem auxilar nesse processo: “Você não deve bater no seu colega. Eu acredito que você consegue falar com ele e pedir o brinquedo emprestado da próxima vez. Eu percebi que você ficou chateado porque queria brincar com aquele brinquedo e então bateu no seu colega para consegui-lo. Da próxima vez fale com ele ou me chame que vou te ajudar”.
Ajudar a criança a sentir-se menos frustrada com situações cotidianas é outro meio eficaz de evitar a agressividade. Conversas diárias sobre como foi o dia da criança e o relato do adulto de como foi o seu dia e as atividades que deram ou não certo para ambos é uma intervenção possível. Quando os pais ou professores se colocam como sujeitos nas situações e demonstram seus sentimentos e como lidaram com as suas frustrações ao longo do dia podem ajudar. “Hoje a mamãe foi lavar roupa e manchou uma camisa linda do papai. Fiquei muito chateada. Mas não tinha o que fazer. Até deu vontade de chorar ou brigar com a alguém. Mas eu decidi que não valia a pena ficar triste ou brava por causa de uma camisa.” Muitas vezes acreditamos que a criança não é capaz de entender tal fala, mas ao contrário disso, desde muito cedo (por volta de 2 anos) já compreende facilmente tais colocações. E se ainda não o faz será uma ótima oportunidade para aprender.
Outro ponto é que a criança, mesmo aquela que é extremamente agressiva, tem vários momentos tranquilos que não são pontuados a ela. Imagine que essa criança levantou cedo, tomou café, brincou com seu irmão pela manhã, almoçou tudo que foi colocado no prato, fez todas as tarefas na escola até a hora do recreio e nesse momento bate num coleguinha. Sua última ação é pontuada fortemente, enquanto as demais são esquecidas. Ajudar a criança a perceber que ela faz muitas coisas boas e certas ajuda a formar uma auto imagem positiva de si mesma e ela passa a acreditar que é capaz de se controlar. Os adultos que lidam com crianças agressivas ou com baixa capacidade de lidar com frustrações cotidianas devem pontuar fortemente todos os comportamentos sadios dessa criança. “Estou vendo que está comendo tudinho! Que bom!” ou ainda “Fico feliz que você está terminando seu desenho com capricho.” são maneiras de mostrar para a criança o quanto de coisas boas ela é capaz de fazer.
Fonte:http://rrclinicapsi.com.br/

Letramento Infantil- Onde começa este processo?

A Educação Infantil constitui-se como um ambiente em que as crianças estão constantemente sendo estimuladas a entrar em contato com as mais diversas áreas do conhecimento, dentre elas a Linguagem Oral e Escrita. O letramento Infantil faz parte desse universo.
Gradativamente, ao longo da Educação Infantil, a criança vai se apropriando do código escrito e realizando suas próprias tentativas de leitura e produção escrita, as quais são carregadas de significado e ricas em hipóteses, uma vez que começa a pensar sobre a escrita, a se questionar para que as letras servem e como usá-las.
Para que este processo de aprendizagem ocorra de forma agradável, cabe à escola e família criar um ambiente estimulador, em que a criança possa entrar em contato com o mundo letrado nas mais variadas situações como: escrita coletiva, nomeação dos objetos, leitura de histórias, etc.
Toda esta estimulação deve ser feita através do uso da letra de imprensa maiúscula, a qual é de fácil reconhecimento e de fácil produção por parte da criança que não precisa  dominar uma série de movimentos elaborados da letra manuscrita, que nesse momento só vem a prejudicar o processo de alfabetização Além do mais a letra manuscrita maiúscula é mais socialmente utilizada.
Sendo assim, durante todo o período da Educação Infantil, nem a escola e nem a família deve cobrar da criança que ela conheça e se aproprie do traçado da letra manuscrita, já que a mesma possui uma grafia diferenciada que exige muito mais do aluno no que se refere a coordenação motora fina. Também é importante ressaltar, quando a criança visualiza palavras registradas com a letra de imprensa maiúscula, ela tem plena percepção visual do início e do fim de cada letra, o que não ocorre com a letra manuscrita, já que as  mesmas estão todas unidas, e desta forma o aluno não tem visualização o início e final do traçado da cada uma delas.
No processo de apropriação da leitura e escrita, a criança deve ter sua atenção voltada a um único desafio, que é o de identificar e compreender gráfica e foneticamente qual é a letra correta que deve ser utilizada em sua escrita. Fazer com que a criança escreva em letra manuscrita, nesta etapa do desenvolvimento, é sobrecarregá-la, além do desafio de decodificar o código escrito (sons, símbolos e junções), ela ainda possuirá o desafio motor em escrever a letras que possuem em traçado mais complicado, sendo este um inibidor nos avanços e aprendizagens. Segundo Ferreiro, (apud nova escola, 1996, p. 11) começar a alfabetização com letra bastão é uma tentativa de respeitar a sequência do desenvolvimento visual e motor da criança.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, ainda ocorrerá o trabalho com a letra de imprensa maiúscula, sendo que gradativamente a escola vai oportunizando aos educandos o contato com a letra manuscrita, mas nesta etapa do desenvolvimento infantil, a criança já está bem mais segura em sua aprendizagem, ou seja, tendo maior domínio do código letrado. Desta forma, o traçar a letra manuscrita será um desafio meramente motor, o que lhe dará maior confiança. Corriqueiramente nos antecipamos e apresentamos a letra manuscrita antes do tempo ideal e muitas vezes as crianças acabam por interromper momentaneamente o processo de aprendizagem da leitura e da escrita para ocupar-se com algo menor, que é o traçado da letra, nesta situação temos uma perda significativa no aprendizado, já que a criança cessa suas hipóteses e canaliza suas energias no traçado da letra.
Vale ressaltar, que em muitas instituições de ensino ocorre a exigência que a letra manuscrita deve ser escrita da forma correta, e antecipar esta aprendizagem faz com que a criança  escreva de maneira alfabeticamente (conjunto de sons associado a símbolos adequados- letras ) incorreta, o que comprometerá o ritmo e a qualidade de sua produção. Mas se a criança percorrer todas as fases da aquisição da leitura e da escrita, no Ensino Fundamental terá maior capacidade e domínio da forma correta de se escrever a letra manuscrita, o que consequentemente não acarretará em vícios que a prejudicarão futuramente.

Fonte:Raquel Romano – Psicopedagoga

Quando ensinar a "letra de mão'?

A alfabetização é um processo e como tal demanda tempo e esforço de todos os envolvidos.
Como sabemos  a alfabetização inicia tão logo quando a criança entra na escola através do contato com o mundo letrado, uma vez que ouvir histórias, ver a professora escrever em um cartaz, “escrever” (desenhar ou imitar os movimentos da escrita) um bilhete para o amigo, são atividades corriqueiras que auxiliam a criança a entender a função social da escrita e passar a pensar sobre ela.
Esse pensamento sobre a escrita obedece a fases bem determinadas que são vivenciadas por todas as crianças de todas as nacionalidades que adotam o sistema alfabético de escrita e tais etapas são relacionadas a história genealógica dos seres humanos, ou seja, a criança “revive” a construção do sistema de escrita desde os primórdios da humanidade.
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Podemos nos perguntar, então: o que muda no processo de ensino da leitura e da escrita?
Cada uma das fases pelas quais as crianças passam são exaustivamente estudadas e a partir delas devem ser  criadas atividades coerentes que estimulem o pensar e a ampliação do pensamento, auxiliando assim a criança a evoluir em suas hipóteses e por fim dominar o sistema de escrita.
A criança só deve ser incentivada a mudar o tipo de letra quando tiver passado por todas as etapas do processo de alfabetização, ou seja quando saber ler e escrever com certa facilidade, dominando o código escrito e suas nuances. A obrigação do uso da letra manuscrita, sendo meramente uma convenção social utilizada com maestria por professores e por mais ninguém alem deles, atrapalha o processo de aprendizagem da escrita já que a criança preocupa-se muito mais com o traçado da letra do que com o que vai escrever.
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Para muitas crianças, ao ensinarmos a letra de mão, ha um involução no processo, dificultando e tornando-o mais lento.
Aqui vai uma questão: porque não podemos manter a letra de forma, ou caixa alta por mais tempo ou por toda vida? Engenheiros, arquitetos e outras áreas se utilizam somente desse tipo de letra e a maioria das profissões hoje se utilizam do computador como forma de registro escrito. O que agrega a utilização da letra manuscrita na vida de uma criança e futuro adulto escritor?
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Estudos recentes mostram que escrever com a letra caixa-alta facilita a aprendizagem das crianças tendo em vista que os movimentos são mais fáceis de serem reproduzidos e a troca para a letra manuscrita deve ocorrer quando o processo de alfabetização estiver completo, ou seja, quando a criança escrever com valor sonoro convencional para todas as sílabas, palavras e frases.
 Fonte:http://rrclinicapsi.com.br/