segunda-feira, 6 de julho de 2015

Agressividade Infantil

A agressividade na infância pode ser entendida de duas maneiras: aquela em que há intenção de agredir, o que entendemos por hostilidade e aquela que não há vontade, desejo de agredir o outro e sim apenas serve como descarga aleatória da frustração vivida no momento.
Na primeira situação uma criança diante  de um colega de classe pode endereçar sua agressividade com tapas ou empurrões propositalmente a fim de ferir esse colega. Ou uma criança por volta de 10 anos pode agredir verbalmente um professor depois de receber sua nota baixa em matemática. Veja que em ambos exemplos há propósito de agredir um semelhante.
Outras vezes a agressão é apenas um descontrole sobre a frustração,  onde a criança não tem  fim em sua ação de machucar seu interlocutor. Uma criança por volta de dois anos que arranca da mão de seu coleguinha um brinquedo ou um menino de 5 anos que empurra a carteira depois de se deparar com uma atividade muito difícil são exemplos de agressividade como descarga aleatória da frustração.
Veja que ambas as formas provém da reação a frustração. As crianças até 10 anos naturalmente tem dificuldades de administrar esse sentimento e facilmente sentem-se frustradas. Aos 2 ou 3  anos é natural que reaja agressivamente quando não lhe é dado algo que deseja rapidamente ou quando seu brinquedo favorito está com seu colega o ou ainda é impedido de subir várias vezes em um móvel. Aos 4 ou 5 a criança facilmente reage com agressividade ou hostilidade quando lhe é solicitado que permaneça sentado por mais de 20 min ou até menos ou quando não consegue se vestir ou calçar os sapatos. A partir dos 7 anos a agressividade pode aparecer em situações em que se engaja na relação com seus colegas, situações relacionadas a amizade e jogos com regras pode causar esse tipo de reação.
Algumas crianças toleram mais a frustração e outras controlam mais suas reações como a agressividade ou a hostilidade. Cabe a nós adultos a ajudá-la a criar ferramentas para ambas as situações: a tolerância a frustração e o controle da agressividade.
A criança reage a partir do olhar do outro, do adulto. Se superlativarmos, ou seja, dermos muita importância para a agressividade ou a hostilidade ela tenderá a se repetir e a fazer parte da forma como a criança se expressa. Se a cada empurrão que um menino de 5 anos der em seu coleguinha em sala de aula a professora reagir com severos castigos ou longas conversar, a criança entenderá que tem atenção especial da professora quando é agressiva e irá certamente repetir a ação para obter essa atenção especial. O mesmo acontece em casa, se a cada birra para entrar no banho os pais despenderem longos castigos ou conversas, a propensão da birra acontecer novamente também é considerável.
Os pais e professores através de sua autoridade devem explicar pontualmente que a reação (chutar, empurrar ou bater) não é adequada e afetivamente depositar na criança a credibilidade de que ela consiguirá agir de outra forma. Tentar entender o porquê a criança foi agressiva também é importante e a partir da fala dela, traduzir os sentimentos que ela sentiu no momento.
Falas como as que se seguem podem auxilar nesse processo: “Você não deve bater no seu colega. Eu acredito que você consegue falar com ele e pedir o brinquedo emprestado da próxima vez. Eu percebi que você ficou chateado porque queria brincar com aquele brinquedo e então bateu no seu colega para consegui-lo. Da próxima vez fale com ele ou me chame que vou te ajudar”.
Ajudar a criança a sentir-se menos frustrada com situações cotidianas é outro meio eficaz de evitar a agressividade. Conversas diárias sobre como foi o dia da criança e o relato do adulto de como foi o seu dia e as atividades que deram ou não certo para ambos é uma intervenção possível. Quando os pais ou professores se colocam como sujeitos nas situações e demonstram seus sentimentos e como lidaram com as suas frustrações ao longo do dia podem ajudar. “Hoje a mamãe foi lavar roupa e manchou uma camisa linda do papai. Fiquei muito chateada. Mas não tinha o que fazer. Até deu vontade de chorar ou brigar com a alguém. Mas eu decidi que não valia a pena ficar triste ou brava por causa de uma camisa.” Muitas vezes acreditamos que a criança não é capaz de entender tal fala, mas ao contrário disso, desde muito cedo (por volta de 2 anos) já compreende facilmente tais colocações. E se ainda não o faz será uma ótima oportunidade para aprender.
Outro ponto é que a criança, mesmo aquela que é extremamente agressiva, tem vários momentos tranquilos que não são pontuados a ela. Imagine que essa criança levantou cedo, tomou café, brincou com seu irmão pela manhã, almoçou tudo que foi colocado no prato, fez todas as tarefas na escola até a hora do recreio e nesse momento bate num coleguinha. Sua última ação é pontuada fortemente, enquanto as demais são esquecidas. Ajudar a criança a perceber que ela faz muitas coisas boas e certas ajuda a formar uma auto imagem positiva de si mesma e ela passa a acreditar que é capaz de se controlar. Os adultos que lidam com crianças agressivas ou com baixa capacidade de lidar com frustrações cotidianas devem pontuar fortemente todos os comportamentos sadios dessa criança. “Estou vendo que está comendo tudinho! Que bom!” ou ainda “Fico feliz que você está terminando seu desenho com capricho.” são maneiras de mostrar para a criança o quanto de coisas boas ela é capaz de fazer.
Fonte:http://rrclinicapsi.com.br/

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