sexta-feira, 21 de junho de 2013

Como alfabetizar letrando e letrar alfabetizando?


Como alfabetizar letrando e letrar alfabetizando?



Primeiro a leitura e a escrita devem ser concebidas dentro de práticas sociais, tornando o aluno capaz de participar de sua comunidade de forma efetiva.
Letramento: conjunto de práticas que denotam a capacidade de uso dos diferentes tipos de material escrito. HOUAISS, 2004

Alfabetização: é um processo dentro do letramento e, segundo Magda Soares, é a ação de ensinar/aprender a ler e a escrever.

A criança, mesmo não alfabetizada, já pode ser inserida em um processo de letramento, pois ela faz a leitura incidental de rótulos, imagens, gestos, emoções. O contato com o mundo letrado é muito entes das letras e vai além delas.

Há diferentes tipos de letramentos associados a diferentes domínios sociais, por exemplo: letramento tecnológico, literário, religioso. O letramento autônomo é aquele que acontece somente dentro da escola, desvinculado do mundo. Tais formas estão incluídas ou no letramento formal, legitimado; ou no informal, incidental.

Como desenvolver práticas pedagógicas  que sejam  significativas   e capazes de levar as crianças a compreenderem  como a língua funciona?

No âmbito dos estudos da alfabetização, da leitura e da escrita, tem surgido a temática do letramento relacionada às práticas sociais orais e escritas que atravessam e condicionam o movimento dos sujeitos, determinando seus espaços de ação.

Esses estudos, orientados, principalmente, por pesquisas que se desenvolvem na confluência das áreas da linguagem, da literatura, da cultura e da história vêm contribuindo com novas reflexões para os estudos sobre alfabetização e, em consequência, para a prática pedagógica com a linguagem na escola. Nesse contexto, as atividades orais e de leitura e escrita podem ser  melhor compreendidas no sentido da formação do cidadão-leitor crítico.

Em nossa sociedade, a linguagem escrita se institui como um cinturão de poder. Algumas pessoas ficam dentro desse cinturão e muitas ficam de fora. Os usos e funções sociais da escrita estão distribuídos como os bens econômicos, de modo desigual, fazendo com que mesmo pessoas com muitos anos de escolarização não tenham acesso ao conhecimento e ao uso de determinados gêneros textuais. Podemos dizer que são pessoas alfabetizadas, mas não letradas, isto é, com acesso interditado a determinados modos de funcionamento da linguagem. Pessoas que fazem uso da linguagem escrita, em geral, em situações simples, ligadas ao cotidiano, a tarefas de ordem prática, como ler e escrever o próprio nome, um pequeno bilhete ou uma lista, isto é, fazem um uso reduzido da linguagem escrita.

Consideramos, entretanto, que a escola deve ir além dos aspectos práticos da vida, sem deixar de incluí-los. A escola é o espaço de alargar, conhecer e adentrar novos universos, que possam dar outros significados à vida, contribuindo para que se compreenda a realidade de outras maneiras. E de que maneiras se  pode conhecer e compreender a realidade?

Pode-se conhecê-la e explicá-la com os saberes que vamos construindo no nosso cotidiano; pode-se também conhecê-la na perspectiva das explicações científicas, isto é, fruto dos saberes organizados pelos diferentes ramos da Ciência. Pode-se, de outro modo, analisá-la com as indagações e reflexões da Filosofia, ou da Religião; e pode-se, entre outros modos, experimentá-la com o conhecimento construído pela Arte. A apropriação de tais conhecimentos nos alarga o entendimento da realidade, possibilitando-nos participar da mesma, transformá-la, explorá-la e usufruir da realidade mais amplamente.

Os conhecimentos acima mencionados, construídos no desenvolvimento das diferentes áreas de estudo, caracterizam as sociedades letradas. Desse modo, para sermos considerados letrados precisamos compreender aqueles variados modos de ler o mundo, conhecendo a forma como a linguagem escrita se organiza, apresentando os diferentes conhecimentos de modos diferentes.

A linguagem escrita, pelo valor social que tem, está presente nas relações sociais, muitas vezes de modo pouco explícito. Basta considerarmos a oralidade de quem é usuário da escrita muito marcada por ela, dificultando às vezes a compreensão do sentido do que é falado por aqueles que não são tão próximos dessa modalidade formal de linguagem.

       




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