segunda-feira, 16 de junho de 2014

O que seu filho pode aprender torcendo em família?

Como o futebol pode ajudar na educação do seu filho? Entenda como tirar proveito da Copa do Mundo para ensinar.
Assim como ele, muitas outras famílias brasileiras guardam lembranças como essas na memória. Seja em casa, seja no bar, seja na praça ou seja no estádio, torcer por algum time de futebol é uma experiência comum no Brasil. "A identidade futebolística é um componente muito importante na sociedade brasileira", diz o professor.

É o que acontece, a cada quatro anos, na casa da paulistana Salua Cury, mãe de três filhos e avó de cinco meninas, quando reúne a família para torcer pelo Brasil nos jogos da Copa. O ritual é antigo e ela faz questão de que seja completo: a sala do apartamento ganha decoração verde-amarela, todos usam camisas da seleção, sopram apitos e cornetas. "A Copa é muito mais que futebol. É um momento de troca, no qual podemos conversar, brincar e aprender uns com os outros. Estamos juntos na mesma sintonia", conta Salua.

Violência e exemplo

Atualmente, porém, muitos pais colocam esse hábito em dúvida por causa dos frequentes casos de violência que são relatados na imprensa em dias de jogos - como ocorreu em dezembro de 2013 na partida do Vasco contra o Atlético Paranaense pelo Campeonato Brasileiro. Ainda que estejamos acostumados a relacionar esse comportamento violento apenas com a torcida organizada, o problema está na forma como os torcedores em geral se comportam hoje em dia. 

"Uma coisa é torcer porque eu sou a favor daquilo e quero que dê certo. A outra é quando você passa a ser contra alguma coisa - o que envolve o desejo de destruição. A partir do momento que você começa a desrespeitar a torcida adversária, isso é um estopim para desencadear a violência", explica Katia Rubio, psicóloga e professora da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo e membro da Academia Olímpica Brasileira. 

É difícil apontar por que os torcedores têm se comportado dessa maneira, mas uma das causas apontadas pelos estudiosos consultados é a falta de outras referências de vida, de noções e de modelos de comportamento éticos. "A rivalidade pode se tornar algo saudável, se estimula o espírito esportivo", explica Leila Tardivo, professora de psicologia na Universidade de São Paulo (USP).

É nesse ponto que entra a família. "Muito desse comportamento nós herdamos dos pais. Como o pai é a principal referência da criança, se ela vai com ele ao estádio e ele xinga o adversário, ela pensa que pode fazer o mesmo. À medida que cresce, ela acha que deve ser melhor que ele - e, nesse caso, significa ser mais agressivo do que o pai", explica a psicóloga.

Por isso a importância de ensinar às crianças os valores que devem ser respeitados dentro e fora do estádio, para fazer do futebol - e do esporte em geral - um espaço mais seguro e democrático. "Que os adultos levem para o estádio as mesmas relações de convivência que desejam para as atividades em família, como respeito ao espaço do outro e às diferenças", diz a professora.
Fonte: Revista Crescer

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