Fazer combinados não
significa apenas captar a opinião dos alunos e construir um cartaz bonito com
as responsabilidades do grupo. Significa também uma mudança de postura por
parte do educador. O professor precisa abandonar os velhos métodos autoritários
e se propor a construir uma relação afetiva com sua turma. Precisa estar
disposto a ouvir, a respeitar cada criança, a conquistar a confiança da turma.
Precisa estabelecer limites justos, que ajudem a criança a se desenvolver
moralmente, em vez de causar apenas humilhação e revolta. Agindo assim,
normalmente o professor leva mais tempo para conquistar o respeito da turma,
porém, quando essa conquista ocorre ela é permanente, pois o professor atinge
uma autoridade que não se baseia apenas no medo, mas numa verdadeira relação de
confiança e admiração pelo mestre. Quando educamos as crianças para se
comportar bem em função do medo de receber punição, corremos o risco de formar
pessoas capazes de obedecer quando são vigiadas, quando "ninguém está
olhando". Os combinados ajudam a criar uma cidadania autêntica e não
apenas um jogo de hipocrisia social onde o que vale é a aparência de bondade.
A prática de construir
combinados tem sido realizada por diversos educadores e instituições de ensino,
com sucesso. As teorias mais recentes sobre educação costumam apoiar esta ideia
, defendendo um panorama mais democrático em sala de aula. Como não podemos
voltar no tempo e ao mesmo tempo precisamos mudar para garantir uma relação de
respeito entre educadores e educandos, acreditamos que investir na construção
de combinados e lutar para mudar a concepção vigente sobre autoridade são
condições essenciais para o fortalecimento da cultura da paz - tão almejada -
na sociedade.
Tão importante quando
a construção do pacto é também a manutenção do pacto, ou seja, o trabalho
diário com o combinado para que ele não seja apenas mais um cartaz grudado na
parede, mas uma autêntica expressão das necessidades dos alunos e professores.
Enfim, com este
trabalho, percebemos que os combinados constituem uma forma muito interessante
de promover o espírito coletivo, fazendo com que a linguagem dos profissionais
da escola seja mais uniforme - não no sentido de padronizada - mas de
sintonizada. Ou seja, cada vez mais os profissionais tendem a compartilhar e
praticar os mesmos princípios, potencializando o efeito da educação na vida dos
alunos. Esperamos que os educadores possam cada vez mais compreender que sem
uma mudança na maneira como pensamos a educação, a prática dificilmente se
consolida, pois precisamos romper com as velhas amarras do tradicionalismo e
buscar novos modelos para construir uma educação que tenha sentido e
significado e que seja transformadora na vida dos alunos e gratificante para os
profissionais.
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