Como o futebol pode ajudar na educação do seu filho? Entenda como tirar proveito da Copa do Mundo para ensinar. |
É o que acontece, a cada quatro anos, na casa da paulistana Salua Cury, mãe de três filhos e avó de cinco meninas, quando reúne a família para torcer pelo Brasil nos jogos da Copa. O ritual é antigo e ela faz questão de que seja completo: a sala do apartamento ganha decoração verde-amarela, todos usam camisas da seleção, sopram apitos e cornetas. "A Copa é muito mais que futebol. É um momento de troca, no qual podemos conversar, brincar e aprender uns com os outros. Estamos juntos na mesma sintonia", conta Salua.
Violência e exemplo
Atualmente, porém, muitos pais colocam esse hábito em dúvida por causa dos frequentes casos de violência que são relatados na imprensa em dias de jogos - como ocorreu em dezembro de 2013 na partida do Vasco contra o Atlético Paranaense pelo Campeonato Brasileiro. Ainda que estejamos acostumados a relacionar esse comportamento violento apenas com a torcida organizada, o problema está na forma como os torcedores em geral se comportam hoje em dia.
"Uma coisa é torcer porque eu sou a favor daquilo e quero que dê certo. A outra é quando você passa a ser contra alguma coisa - o que envolve o desejo de destruição. A partir do momento que você começa a desrespeitar a torcida adversária, isso é um estopim para desencadear a violência", explica Katia Rubio, psicóloga e professora da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo e membro da Academia Olímpica Brasileira.
É difícil apontar por que os torcedores têm se comportado dessa maneira, mas uma das causas apontadas pelos estudiosos consultados é a falta de outras referências de vida, de noções e de modelos de comportamento éticos. "A rivalidade pode se tornar algo saudável, se estimula o espírito esportivo", explica Leila Tardivo, professora de psicologia na Universidade de São Paulo (USP).
É nesse ponto que entra a família. "Muito desse comportamento nós herdamos dos pais. Como o pai é a principal referência da criança, se ela vai com ele ao estádio e ele xinga o adversário, ela pensa que pode fazer o mesmo. À medida que cresce, ela acha que deve ser melhor que ele - e, nesse caso, significa ser mais agressivo do que o pai", explica a psicóloga.
Por isso a importância de ensinar às crianças os valores que devem ser respeitados dentro e fora do estádio, para fazer do futebol - e do esporte em geral - um espaço mais seguro e democrático. "Que os adultos levem para o estádio as mesmas relações de convivência que desejam para as atividades em família, como respeito ao espaço do outro e às diferenças", diz a professora.
Fonte: Revista Crescer
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